Enterrar o talento significa se omitir e não cooperar para a edificação da igreja. Existem muitas razões que os servos de um talento apresentam como justificativa para enterrarem o talento. A desculpa mais comum é que eles têm apenas um talento insignificante, que não fará nenhuma falta para o corpo da igreja. Há aqueles que se sentem constrangidos e intimidados diante de outros mais talentosos que se destacam. Muitos se justificam dizendo que nunca têm oportunidade numa igreja que valoriza apenas os de cinco talentos.
Independentemente das desculpas, precisamos reconhecer que enterrar o talento é um sério problema espiritual. Aquele que enterra o talento não prejudica apenas a si mesmo, mas afeta todo o corpo.
- Enterrar é sinal de morte
Tudo o que é morto é enterrado. Quando a igreja se torna um grande cemitério de dons, talentos e habilidades, ela se enche de morte. O peso de morte vem sobre a igreja quando os de um talento se enterram no mundo. O problema é que os de cinco talentos acabam levando todo o peso. Poucos têm a exata percepção de como é pesado um ambiente de morte.
Aqueles que ministram a Palavra sabem o quanto é difícil pregar numa igreja cheia de morte. Algumas vezes, pensamos que a morte é por causa da falta de oração, e é verdade. Mas o ambiente de vida não depende somente do quanto o líder ora, mas de quantos membros do corpo estão orando. Quando temos muitos membros orando, temos o corpo funcionando. E, quanto mais vivo é o corpo, mais os membros funcionam de forma saudável. E, quanto mais os membros funcionam, maior é o ambiente de vida.
- Enterrar é sinal de mundanismo
Claramente, enterrar-se é se integrar a esta terra caída e debaixo de maldição. Se aqueles que enterram o talento trazem a carnalidade para a vida da igreja, como proceder? Devemos aprender a equilibrar dons e autoridade. Em relação ao dom, precisamos dizer aos de um talento que eles devem exercitar seu dom, mas se o fazem de forma carnal, precisamos exercer autoridade para dizer que não permitimos tal coisa na vida da igreja.
Quando falamos isso, normalmente eles voltam, enterram seu talento novamente e ficam passivos em casa. Então, devemos mostrar-lhes que, se eles enterram o talento, terão problemas com o Senhor, mas mesmo assim a carnalidade não será permitida.
- Enterrar é sinal de apatia
Precisamos dizer aos de um talento que o lenço serve para limpar o suor, e não para embrulhar o talento. Creio que a apatia é um sinal de preguiça. Infelizmente, muitos acham trabalhoso demais o serviço na casa de Deus.
Em Lucas 19, o servo infiel entregou a mina ao seu senhor embrulhada num lenço: “Veio, então, outro, dizendo: Eis aqui, senhor, a tua mina, que eu guardei embrulhada num lenço” (Lc 19.20).
- Enterrar é sinal de rebeldia
Na Parábola dos Talentos, em Mateus 25, o servo infiel disse que havia enterrado o talento porque sabia que o seu senhor era severo. Normalmente, as pessoas que enterram o talento justificam-se dizendo que a igreja ou liderança é muito exigente e severa. Dizem que não conseguem corresponder às expectativas, por isso enterram o talento.
Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. (Mt 25.24-25)
Precisamos mudar nossa abordagem. Nós temos receio de algumas coisas. Primeiro, temos receio de que os de um talento façam o trabalho com uma qualidade ruim. Devemos trabalhar para treiná-los, mas ainda assim precisamos ter paciência.
O segundo problema é que consideramos os de um talento carnais. Para resolver isso, precisamos entender que há dois caminhos que devem ser guardados na igreja em todo o tempo: o caminho da função ou dom e o caminho da autoridade. O que devemos fazer se os de um talento se levantarem para desenvolver o seu talento na carne? A carne precisa ser tratada, e a maneira como fazemos isso é usando autoridade.
Os de um talento devem usar seu dom, mas se o fizerem de maneira carnal, devem ser tratados com autoridade. Pode ser que você peça a um irmão de um talento para ficar responsável pelo lanche na célula, mas, em vez de fazer isso com amor e boa vontade, ele se torna excessivamente duro e indelicado com os irmãos. Se um irmão traz a carne para o trabalho na igreja, precisamos dizer-lhe que não permitiremos aquela atitude errada. Entretanto, quando você decide corrigi-lo, ele imediatamente se recolhe, volta para a sua casa e se recusa a fazer o serviço na igreja.
Precisamos ter paciência. Não podemos desistir do corpo de Cristo. Devemos visitá-lo e mostrar-lhe que ficar em casa não resolve o problema. Depois de insistir, provavelmente ele voltará para a célula e possivelmente ainda continuará agindo na carne, mas mesmo assim continuamos ensinando e mostrando que ele deve fazer o serviço, porém não toleraremos que o faça na carne.
Lembre-se de que o fato de alguém enterrar o seu talento já demonstra que ele é carnal. Todo membro de um talento é também carnal. Quando ativamos esse membro, precisamos ficar atentos, porque a carne vai levantar junto com ele. Nós tratamos com a carne, mas não rejeitamos o membro de um talento. Precisamos ativar os de um talento para que o corpo possa funcionar. Trabalhar na carne é ruim, mas enterrar o talento é ainda pior.
A glória da igreja é a plenitude dos membros funcionando. A multiforme ação do corpo tendo cada membro funcionando de forma harmoniosa traz a glória do céu como selo. Se cada membro exercer o ministério, teremos o corpo e a manifestação da glória da igreja. Se desistirmos dos de um talento, vamos desistir da maior parte dos membros do corpo. Se colocarmos de lado a maior parte da igreja, não poderemos esperar a realização de uma grande obra. Precisamos dedicar toda a nossa força e todo o nosso empenho para levar cada membro a funcionar.
Fonte: O templo, o sacerdote e o sacrifício — 21 Dias para entender o seu lugar na visão
Pr. Aluízio Silva